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Igreja da Missão Católica do Kuando

Igreja da Missão Católica do Kuando
Igreja da Missão Católica do Kuando

No texto que segue, Monsenhor Keiling descreve uma série de peripécias a propósito da Missão de Huambo, inicialmente instalada junto ao lugar onde mais tarde haveria de ser construída a administração civil, à avenida Norton de Matos, e pouco tempo depois.

Saindo de Caconda e tomando para o norte, chegaremos, após quase 150 quilómetros andados, à cidade de Huambo.
Se alguém, há quinze anos, indo de Caconda para o Bié, ouvisse dizer que neste lugar se havia de levantar uma cidade, mal o acreditaria.
E todavia é hoje um facto.
O lugar onde se encontra a cidade é a divisória das águas; daqui correm umas para o Atlântico e outras para as grandes bacias do interior, e para o Índico.
Goza de um clima temperado, podendo-se em certas épocas do ano chamar frio.
O terreno é de qualidade medíocre.
De há muito pensávamos em fundar uma Missão no Huambo e já em 1896, falando desta terra, escrevia o chorado Padre Lecomte, meu predecessor: « Depois da tribo do Bailundo, é a do Huambo a que mais nos cativa.
Breve tenciono estabelecer lá uma Missão ».
Esta imagem tem um texto alternativo em branco, o nome da imagem é 5651143_l.jpg Presentemente sustentam estes nativos uma verdadeira guerra contra as feras.
Os leões parece que juraram dar cabo deste povo.
Em cada semana, numerosos são os desgraçados mortais que servem de pasto ao rei das florestas.
Se dermos crédito à lenda, de longe vem o amor dos leões por esta gente. Data do princípio do mundo: tunde nunde, dizem eles.
Contam com efeito que no alvorecer da criação, tendo-se os homens multiplicado algum tanto, deram neles os leões, e com tanta valentia que a breve trecho só restava um. Este, desanimado e não sabendo o que fazer da sua triste vida, vagueava tristemente pelos bosques, temendo viver por se não sentir bem sòzinho, mas receando morrer da morte de todos os outros seus semelhantes.
Um dia vê vir ao seu encontro uma leoa ainda nova.
Pensou que lhe ia servir de comida.
Nem ideia teve de se defender.
Para quê ? Resignado com a sua sorte, fecha os olhos, abaixa a cabeça e espera.
Qual não foi o seu pasmo e espanto, quando em vez de sentir os dentes do animal cravarem-se-lhe na carne, ouviu este falar-lhe e perguntar-lhe porque andava assim tão triste.
Respondeu com toda a franqueza e confessou o desânimo, que lhe invadira a alma.
Ajuntando que, pois era chegado o seu último momento, para tudo estava aparelhado.
– ” Qual último momento, nem meio último momento, interrompe a leoa.
Tu estás sòzinho e dá-se a curiosa coincidência de eu também ser viuva.
Porque não havias de fundar uma grande libata e ser o tronco de um povo poderoso ? Ainda não sou velha “. O homem aceitou e desta união saíu a ilustre tribo dos Huambos.
– ” Como vês, dizem com arranques de mal disfarçado orgulho os Huambos, é ilustre a origem da nossa raça.
“ É talvez devido a isso que, mais tarde, os leões os devoravam lindamente.
Era a prova da veracidade daquela palavra: Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris, que eles traduziam por: ” Lembra-te, homem, que és leão e ao leão hás-de tornar “. A população indígena era muito densa antes da guerra de 1902, visto contarem-se para cima de 80.000 habitantes numa área de cem quilómetros quadrados.
Mas na ocasião da revolta, baixou algum tanto, por causa das vidas então ceifadas.
Continuou em seguida a declinar por fugirem primeiro da vizinhança das estradas, depois das proximidades do Caminho de Ferro.
A região do Huambo é, por excelência, a região dos grandes rios: aqui têm a nascente o Cunene, o Cubango, o Cunhangâmua, o Calai, o Queve, etc… É um espectáculo empolgante contemplar estes rios que ora se espraiam e como que se espreguiçam, ao longo das margens, ora se precipitam em catadupas e parecem querer semear a morte e a devastação com as suas ondas espumantes de raiva.
Umas vezes, sobre o fundo da areia branca, vêem-se passar peixinhos, que deslizam brandamente, como quem outros cuidados não tem, senão gozar da vida que Deus lhes concedeu.
Outras, por sobre as águas, bóia um como pau esverdeado, semelhante a um tronco de árvore carcomido; mas quem o considerar atentamente descobre a breve trecho que é um jacaré à cata de preza que, descuidada, se haja deixado tomar de sono.
Também não raro se vêem de repente ferver as águas em cachão e do meio delas surgir o hipópotamo, que vem a terra dar um passeio e como que tomar um banho de sol.
Mas, assim como toda a medalha tem reverso, igualmente têm estas belezas o seu lado desagradável; de um modo geral, as margens destes rios são alagadiças, estéreis e insalubres.
Quando Se desviarmos os olhos dos rios e os dirigirmos para os matos, descobrimos enormes blocos de granito, empinados verticalmente, fendidos muitas vezes de alto a baixo, no sentido do plano de cristalização, formados de monólitos de 20, 30 e não raro mais metros de altura.
Contam-se mais de 50 que, vistos de longe, ninguém deixará de tomar por edificios gigantescos, que fazem lembrar esses castelos medievais, de que se encontra coberta a Europa, quando nos não chamam à memória as nossas vetustas catedrais, armadas de multiplas torres … igrejakeiling_luischinguar-002A Missão foi fundada em 1910, perto do Caminho de Ferro, no local hoje ocupado pela administração.
Já se desenhavam as primeiras habitações, já no espaço destinado para hortas verdejavam as primeiras bananeiras ao lado das corpulentas couves tronchudas, enquanto que um pouco mais além, os bois atrelados à charrua revolviam a terra e preparavam a futura colheita de trigo, quando a Direcção dos Caminhos de Ferro levantou embargo, acabando aquela porção de terra por ser compreendida no espaço reservado para a futura cidade do Huambo.
Forçoso nos foi abandonar o local e procurar outro.
Dirigimo-nos para leste em busca de sitio que nos pudesse servir para ao mesmo tempo termos as oficinas.
Andámos durante oito dias, dois dos meus companheiros e eu, percorrendo estes arredores em todos os sentidos.
Digitalizado a partir de negativo de pelicula original 6x6cm, cota ECC/NC4247 por Luis Pavao Lda.Visitámos Candumbo, fomos à Tahilua, e pensámos em edificar neste lugar.
Um branco que lá encontrámos estabelecido, pediu 12.000{directory}199{/directory} por um pedacito de terra ( é conveniente não esquecer que estamos em 1912, e que nessa altura, 12.00{directory}199{/directory} era uma mão cheia de dinheiro ), também nos disse que construíssemos na margem oposta do Cunene, devendo nós tirarmos uma levada, cuja água haviamos de deixar à disposição dele metade da semana.
Não nos convinha.
Os meus companheiros, chamados pelos trabalhos, que os esperavam nas suas Missões, ( um era do Bailuindo e o outro do Cubango ) foram obrigados a retirar-se e eu continuei sózinho.
Depois de mil voltas, todas em vão, resolvo tornar para casa.
Dou ordem aos carreiros que me esperassem na margem direita do rio Cuando, onde fazia conta de estar pelo meio da tarde, e monto a cavalo.
Que de passadas ainda nesse dia haveria de dar, Santo Deus ! Quando pensava em voltar pergunto numa libata chamada Capingala, onde poderia vadear o Cuando.
Respondem-me que não havia lugar favorável e tinha de ir dar a volta pela nascente.
Em África não há dificuldades, que detenham o Missionário.
É preciso dar uma volta ? Dá-se e fica tudo dito.
Os carreiros é que acharam a minha demora prolongada e pensando que eu, sem dúvida já tinha seguido para a Missão, por outro caminho, preparam tudo e põem-se em marcha,
Depois de muito andar e muito me cansar, alcancei o lugar onde estivera acampado o carro. Ainda se lá viam os restos do fôgo que haviam feito.
Mas de que serve o fôgo, a quem está cansado e com fome ?…Fome, não; apetite.
Era noite. Uma dessas noites, que não conhece em Portugal quem tem a luz eléctrica para suprir a da lua, uma noite negra, não permitindo dar mais um passo.
Prendi o cavalo ao tronco duma árvore, recomendei-me a Deus, à Santíssima Virgem, ao Anjo da Guarda da futura Missão, e encostei-me ao lado da montada reclinando a cabeça numa pedra, que me serviu de travesseiro.
Como é fácil de adivinhar, não posso afirmar que dormi muito bem, mas pelo sono passei.
Altas horas da noite, ouço perto de mim um marulhar, a que à minha chegada não prestara atenção.
google142Era uma cascata que, se não cantava, roncava, tanto era a água que levava ! Como um relâmpago, passa-me uma ideia cá por dentro.
Uma cascata !!?… Mas onde há cascatas, há passagem.
Esperei ansioso pelo romper da manhã.
Mal começava a bruxolear o romper da aurora, dirijo-me para o rio.
Que linda queda de água ! As árvores de um lado e de outro pareciam mirar-se na limpidez da corrente.
A uns 80 metros acima do comêço da cascata, descubro uma passagem esplêndida.
Meto lá o cavalo.
Exploro aqueles lugares.
Fico encantado. Estava achado o local almejado ! A pouco e pouco, consoante no-lo permitiam os nossos recursos pois timbramos em nos não sobrecarregar de dívidas, e para esta fundação não concorreu o Governo nem com um ceitil, a pouco e pouco, como dizia, levantaram-se da terra as diferentes casas e, quando em 1920 fui à Europa, já não pude deixar ao Padre Vieira construídas as casas, que ainda hoje formam a Missão do Cuando.
As Missões do Huambo e Bailundo são próximas e semelhantes.
Bailundo e Huambo são duas denominações da mesmo tribo, mesma origem, mesmas afinidades ancestrais.
mesmos costumes e tradições.
Estas duas Missões, estabelecidas em dois cantos benditos do planalto de Benguela, têm também grandes afinidades.
Igualmente surpreendentes os resultados obtidos sobre as populações.
A única emulação a que estas afinidades dão lugar, é a do fazer o maior bem possível.
No Bailundo são mais numerosos os cristãos, 47.000, pois foi fundada 15 anos antes do Huambo, que conta já 38.000.
Mas as suas escolas elevam-se a 450.
A influência do catolicismo sobre a massa da população é cada vez mais profunda.
É bem prova suficiente o grande número de cristãos, que acorrem de todos os lados, nos dias de festas, constituindo uma autêntica inundação.
Se dos indígenas passarmos aos europeus, que dizer ? Lá está Nova Lisboa com 4.000 brancos, muitas famílias com numerosas crianças. Tal facto não nos pode deixar indiferentes.
Todos os Domingos e dias santos lá se encontra um Padre da Missão, às 5 horas da manhã, à disposição dos indígenas para os quais há uma Missa especial às 8 horas.
Às 10 é a Missa dos europeus e assimilados.
Às duas Missas há prática: a primeira em lingua indígena; a segunda em português. Após as Missas,prepara o Padre as crianças para a primeira comunhão, findo o que, fatigado, se retira, já muito tarde.
Além disto, há a assistência religiosa ao longo do Caminho de Ferro.
Sobre o percurso de 1.347 quilómetros, há lindas capelas construídas, as quais é necessário, de tempos a tempos, visitar, celebrando a festa do Padroeiro cuja solenidade religiosa consiste na Missa, procissão, benção solene, comunhão das crianças e confirmação.
Acrescentarei a isto que, possuindo a Companhia do Caminho de Ferro Lobito-Catanga as suas oficinas centrais em Nova Lisboa, vai buscar a energia e iluminação a uma central hidro-eléctrica instalada dentro da nossa propriedade.
Por este motivo, desapareceram os moinhos e outras dependências, mas a Companhia indemnizou-nos principescamente.
Para a instalação de diferentes oficinas e, em especial, da tipografia, construíram-se novos edifícios, que causam admiração a toda a gente.
E a Companhia fornece-nos a força eléctrica e luz para toda a Missão.
Além disto, nada de novo, sob o ponto de vista material, a não ser mais alguns hectares acrescentados aos antigos campos.
Huambo, Huambo, AO

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