Afonso Vita disse à nossa reportagem que as chegadas foram lideradas, em 2022, por turistas de origem portuguesa, seguidos por sul-africanos e chineses, e que os principais destinos angolanos foram locais e pontos turísticos de Luanda, Benguela, Malanje e Namibe.
Com o aquecimento da indústria turística registado, após a pandemia da Covid-19, foram criados 17.344 empregos, com a actividade a ter um peso de 3,00 por cento na formação do Produto Interno Bruto (PIB), uma meta prevista do Plano Director do Turismo.
O país conta com uma rede de 364 empreendimentos, dispondo uma oferta notória de hotéis, aparthotéis, lounges, resorts e outros compartimentos surgidos nos últimos tempos, capazes de prover 18.482 quartos, uma capacidade razoável, de acordo com Afonso Vita.
O ramo da restauração dispõe de 4.982 restaurantes e similares, havendo 482 agências de turismo.
"Os resultados são razoáveis, o que faz com que se invista mais no sector que, em termos de atractividade, tem muito para oferecer aos turistas internacionais e internos”, declarou a fonte para definir o momento do sector angolano do turismo.
Estratégia de crescimento
Uma das estratégias adoptadas para gerar atractividade é a transformação dos recursos turísticos em produtos turísticos, ou seja, agregar os recursos e fazer com que deixem de ser apenas recursos naturais, definindo-os como produtos rentáveis, para que possam ter peso e melhorar a vida das populações.
Outro objectivo é cumprir a meta prevista do sector e atrair para o país 10 milhões de turistas até 2030, criar um milhão de empregos directos e indirectos, bem como posicionar Angola entre os 10 principais destinos turísticos de África.
Para que tal facto se concretize, anunciou, estão em curso investimentos que vão alavancar o sector, com a implantação de três pólos de desenvolvimento turístico, sendo um em Luanda, com uma área de 3.096 hectares, outro em Calandula, Malanje, e sendo o terceiro o Pólo do Okavango, incluindo o projecto transfronteiriço Kaza, que congrega Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.
Neste projecto, Angola vai ter de fazer esforços de grande envergadura, porquanto os quatro países parceiros são desenvolvidos, detendo mais capital e infra-estruturas envolvidos.
Os recursos com potencial para serem transformados em produtos turísticos são abundantes, incluindo conceitos e categorias como o "Turismo Cultura” e "Turismo de Memória”, dirigido principalmente para a diáspora.
A lista de recursos disponíveis em Angola, apontou, inclui o Miradouro da Lua, que está numa fase de instalação de equipamentos turísticos capazes de atrair visitantes; as Quedas de Calandula, Pedras de Pungo Andongo, Fendas da Tundavala, Vila de Massangano, Centro Histórico de Mbanza Kongo, Floresta do Maiombe e o Deserto do Namibe.
Flexibilização das entradas é uma conquista para o sector
A isenção de visto de turismo para cidadãos de 98 países, adoptada pelo Governo, em Setembro, incluindo os principais emissores de turistas no mundo, bem como a abertura, esperada, do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto e o processo de transformação dos recurso em produtos turísticos constituem uma associação virtuosa de factores que podem impulsionar de forma decisiva essa actividade económica no país.
Essas declarações foram proferidas pelo director-geral do INEFOP, que notou não serem tais actos e decisões as únicas da política do Estado estabelecidas para a vitalização do turismo, contando-se, também como o lançamento de campanhas de promoção do turismo de Angola em meios da comunicação social nacional e internacional e a realização encontros como o Fórum de Investidores da Região Angolana do Okavango e a Bolsa Internacional do Turismo em Angola (BIUR 2024).
"Foi uma grande vitória ouvirmos sobre a isenção de vistos para 98 países, mas, além daqueles que foram anunciados, existem outros que estão incluindo", esclareceu Afonso Vita que considerou essa acção do Governo para o sector do Turismo como uma grande conquista, por os países seleccionados serem os principais emissores de turistas do mundo.
95% das agências de viagem faliram
A pandemia da Covid-19 resultou em constrangimentos do sector do Turismo em todo o mundo, tendo um impacto fatal no mercado angolano, onde 95 por cento das agências de viagens fecharam e empreendimentos hoteleiros sofreram efeitos negativos.
Segundo dados do turismo mundial, em 2019, o sector do turismo representava 10,4 por cento do PIB global, caindo para 5,5 por cento em 2020.
Segundo Afonso Vita, a situação foi negativa para a classe empresarial que, de 334 milhões de empresas, e em 2020, passou a deter metade.
Este ano, o contexto do turismo mudou para positivo, um acto que representa a força do turismo sempre que combinado ao transporte. A nível de África a recuperação ronda nos 88 por cento.