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Os Cuanhamas

Os Cuanhamas

Ovambo (em ovambo, owambo, por vezes chamada ambó na literatura do período colonial português) designa um povo de origem bantu, falante da língua ovambo (oshiwambo), que ocupa um vasto território no norte da Namíbia e no sueste de Angola, particularmente na província do Cunene.

São agricultores e criadores de gado bovino, com predomínio da actividade agropecuária e em especial da bovinicultura. O termo ovambo foi introduzido pelos herero para designar as populações que viviam nas regiões onde abundavam as avestruzes (designadas ampho, omboh ou avambo), termo que se significa avestruz ou pessoas que convivem com avestruzes.

Os ambós de Angola surgiram da miscigenação de um povo de caçadores nómadas - saídos, por volta do século XVII, da Donga, no Sudoeste Africano - com pastores estabelecidos entre os rios Cunene e Cubango.

Desse obscuro encontro teriam brotado as cinco tribos angolanas do grupo - Cuanhamas, os mais numerosos, e Cuamatos, Evales, Cafimas e Dombondolas -, todas aparentadas com as tribos da Ovambolândia, no Sudoeste.

Estes povos orgulhosos, de elevadíssima estatura, ocupam ainda hoje um território de planuras levemente descaídas para sul, ao correr de outeiros de contornos suaves e de enormes clareiras escavadas no chão arenoso - as chanas -, cingidas por manchas de vegetação onde sobressaem os mutiatis, as acácias e os espinheiros.

 Dedicando os dias à caça, à agricultura de subsistência e, sobretudo, ao pastoreio de numerosas manadas de gado bovino, os Ambós aguardavam com ansiedade a chegada do tempo seco, a meio do ano, para soltarem o poderoso impulso da sua vocação guerreira. Capitaneados pelos lengas - chefes-de-guerra e conselheiros dos sobas -, realizavam expedições de guerrilha e saque num raio de cente¬nas de quilómetros.

Ficaram sobretudo memoráveis as incursões dos Cuanhamas. Eles optavam com frequência por surtidas limitadas a oeste - na direcção do Humbe, da Camba ou do Quiteve -, e a nordeste, no país dos Ganguelas.

Noutras ocasiões ousavam levar as razias a locais tão remotos como o Quipungo e Caconda, onde os brancos saídos do mar se esforçavam por firmar posições. Este grupo de povos comporta nove subgrupos na Namíbia: Ondonga (Ndonga), Kwanyama (Ukuanyama), Kwambi (Ukuambi), Ngandjera (Ongaqndjera), Kwaluudhi (Ukualuthi), Mbalantu (Ombalantu), Onkolonkathi (Kolonkadhi), Mbadja e Eunda.

No Sul de Angola, os subgrupos são os cuanhamas (kwanyama), os cuamatos (kwamatu), os ndombondola, os evale e os kafima.

A tribo cuanhama ocupava um vasto território que ia desde uma zona próxima de Vila Roçadas, acompanhava a margem esquerda do Rio Cunene até às quedas de Ruacaná, confinava com o território Himba nas savanas semi-desértica até à foz do rio Cunene e ultrapassava a fronteira de Angola, penetrando na actual Ovambulândia, Namibia (antigo sudoeste africano).

Os Cuanhamas eram um povo altivo e de grande estatura, criadores de gado por excelência, ignoravam por completo as fronteiras coloniais impostas.

Povo guerreiro, fez frente à permanência portuguesa até meados da década de 1920, e foi Pereira d'Eça, militar ao serviço do governo português que os obrigou a recuar, mas até nesse recuo muitos portugueses foram abatidos, dada a sua persistência.

Os kwanyamas são uma sociedade em que o chefe do agregado familiar é a entidade máxima dentro dos limites da sua unidade territorial, denominado como eumbo.

O eumbo não é mais do que um grande complexo habitacional, residência de uma única família. É a unidade mais básica da estrutura social da sociedade kwanyama.

O eumbo é uma estrutura orgânica que crescia consoante o número de pessoas que nele habitava.

Podia ser uma estrutura simples. Eumbo é o termo utilizado para designar uma unidade residencial. Podia ser uma estrutura bastante complexa.

Era também um símbolo de poder, uma vez que um novo eumbo só pode ser construído mediante a aprovação do chefe do eumbo de onde é originário o jovem que pretende construir o novo eumbo.


Usos e customes

"Efundula leengoma" era uma cerimónia de iniciação que simbolizava a passagem da rapariga, neste caso da rapariga da etnia cuanhama, da adolescência à idade adulta.

Depois desta cerimónia, a jovem podia ser tomada como esposa.

Para que este cerimonial acontecesse era marcado o dia, e dado conhecimento à rapariga através das mulheres da familia materna, mas se estas desconfiassem que a jovem iria negar, esta era levada à força por homens jovens convidados para o efeito, entre os mais corpulentos e fortes, mais capazes de a carregarem ao ombro e de a levarem à presença dos anciãos que presidiam à cerimónia.

A festa era realizada em casas conhecidas da área e a jovem era apresentada seguindo-se o ritual do ‘oufila’. Decorridos os rituais e os três dias que durava a festa, a rapariga tomava consciência de que aquele era o seu destino e que nada havia a fazer para o evitar. De entre os rituais destacava-se o de "ondjuwo".

Este decorria no quarto da mulher principal da casa, que ficava ao lado de "olupale", uma espécie de sala principal de jantar.

A cerimónia de "ondjuwo" continha elementos imorais contrários à dignidade da pessoa humana, e foi condenada pela Igreja, como pecado.

Entre os Cuanhamas (kwanyama ou oxikwanyama), no segundo dia da «efundula», as raparigas bebiam uma cerveja especial, misturada com drogas, em que se incluia um pouco de líquido seminal de um circuncidado de outro grupo, já que eles não praticam a circuncizão.

No «olufuko» dos Cuamatos, a mestra anciã preparava uma cerveja com drogas da qual retirava uma porção numa taça; nela, um circuncizo lavava o seu membro três vezes, e a rapariga, que desconhecia estas práticas, bebia um gole. O resto, a mãe ia-lho derramando pelo baixo-ventre.

O noivo podia reclamá-la quando lhe apetecesse, se a noiva já tivesse regressado a casa, após a cerimónia de iniciação (efundula :cerimónia de mudança de lugar, estado, de situação social e de idades), e se o "alambamento" (oinda) já tinha sido entregue aos pais

. Uma parente e um amigo do noivo apresentavam o pedido e acompanhavam a noiva a sua nova casa, onde dormiria com o marido e o casamento ficava consumado.

O "alambamento" não era considerado um dote nem sequer uma compra, muito embora tivesse carácter de investimento, e era constituído, essencialmente por um boi, destinado ao pai da noiva, e várias enxadas para a mãe, como que uma compensação que funcionava como um seguro de casamento.

A família da noiva perde um elemento de trabalho e recebe um boi e as enxadas em troca.

Por outro lado, a fim de evitar a restituição do "alambamento", a família da esposa tudo fazia para que o casamento não se desfizesse por culpa desta.

Inda assim o divórcio era reclamado pela mulher, uma vez que havia sempre um pretendente disposto a indemnizar o anterior marido.

Se o Cuanhama batesse e injuriasse a mulher, não a presenteasse com vestidos, não lhe lhe proporcionasse mantimentos, ficasse muito tempo fora de casa, etc, dificilmente a relação se mantinha .

Também o adultério da mulher não constituía motivo de divórcio. Se o marido tivesse conhecimento do facto, exigia o pagamento de um boi e considerava a "cara lavada".

Se esta indemnização não fosse paga, vingaria a sua honra ofendida, porém, quase sempre o prevaricador pagava sem relutância, e, quando isso não sucedia, a questão era levada perante a autoridade local, que sanava o conflito.

E a mulher não tinha repugnância em confessar o desvio cometido. Raramente o marido propunha o divórcio, mesmo após infidelidades sucessivas.

 E mesmo se a mulher fosse estéril, apesar do seu grande desejo de ter muitos filhos, não utilizava o facto como causa de separação, antes trataria de arranjar outra mulher que lhos desse.