Luanda - O programa nacional de protecção e valorização dos parques e sítios naturais ganhou novo impulso este ano, com a elaboração de uma lista indicativa que deve ser entregue à UNESCO, no âmbito do processo de inscrição como património natural da humanidade.
A lista indicativa inclui, entre outros, os parques nacionais da Cangandala, do Iona, do Luengue-Luiana, o lago do Arco e as nascentes que vão da Bacia do Okavango Zambeze até ao Kwanza.
Entre os especialistas do sector há a expectativa de que a inclusão de um sítio na lista do património natural mundial venha trazer vantagens para o país, na medida em que poderá passar a beneficiar de programas de apoio à preservação do ambiente.
Com vista a criar condições para materializar esse propósito, o Ministério do Ambiente trabalhou com especialistas da UNESCO para ajudar na escolha dos ecossistemas ou áreas naturais, tendo como meta a elaboração dos modelos de inscrição das espécies.
Além da elaboração de uma lista indicativa de sítios naturais, os ambientalistas viram igualmente com agrado, em 2019, o Executivo a aumentar de 6,6 por cento para 12,58 por cento a zona terrestre nas áreas de conservação.
Entretanto, outra nota de realce, durante o presente ano, foi o lançamento de um projecto para a preservação da fauna e da flora nacional, que poderá permitir, até final de 2022, a criação de três novas áreas de preservação.
O plano inclui a criação, nos próximos quatro anos, da primeira área de conservação marinha do país, na Baía dos Tigres e na cidade do Tômbwa, província do Namibe.
Para tal, o Ministério do Ambiente encontrou na Fundação Quissama um parceiro estratégico para o projecto de protecção, localização e acompanhamento da reprodução da Palanca Negra Gigante, no Parque Nacional de Cangandala, província de Malanje.
Numa primeira fase, o projecto inclui o controlo, via Sistema de Navegação por Satélite (GPS), de 15 palancas, espécie ameaçada de extinção em Angola.
A coleira com o aplicativo criado pela Fundação Quissama (entidade gestora das áreas de conservação ambiental do país) foi aplicada a seis fêmeas e nove machos, numa operação de captura e marcação dos animais.
No âmbito do projecto Palanca Negra Gigante, aumentou de 6 para 80 animais controlados em Cangandala e 120 monitorados no Loando.
Outro feito marcante foi o reforço das medidas de combate à caça ilegal e às queimadas em Angola, que registou um total de 972.730 queimadas, durante o primeiro semestre do ano em curso, segundo fontes do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros.
As queimadas resultaram na morte de três pessoas e destruição de 45 residências.
Além dos esforços de proteção da fauna e flora, o Ministério do Ambiente direcionou também o seu esforço na luta contra as alterações climáticas.
Como resultado disso, viu a sua acção recompensada com a eleição de Angola como primeira vice-presidência do Fórum sobre Desenvolvimento Sustentável em África.
Durante 12 meses, o país vai coordenar grupos de trabalho relacionados às alterações climáticas e sistemas de inovação tecnológica para o sector do Ambiente.
Para conseguir levar a cabo os seus projectos e programas, o Ministério do Ambiente procurou por parcerias e apoios financeiros, tendo, para efeito, assinado acordos com o Reino de Espanha (protocolo que visa fornecer equipamentos para a fiscalização ambiental, combate à caça furtiva e segurança electrónica) e com Portugal.
Para o efeito, conseguiu, no quadro do acordo com a Espanha, um financiamento de 2.983.000,00 Euros para a capacitação, levantamento contínuo de dados, criação de uma plataforma técnica para operacionalidade de forma conjunta e o aprimoramento do caderno digital sobre as espécies na base do inventário biológico nacional de Angola.
Já o memorando com Portugal servirá para fomentar, coordenar e orientar a investigação científica na área de biodiversidade, divulgar os trabalhos de investigação já feitos que precisam de ser publicados, através das universidades do país.
Caça Furtiva
No entanto, como não só de boas notícias vive a sociedade, o país foi abalado pelo aumento das acções dos caçadores furtivos que, mesmo com advertências do aumento da moldura penal, não olharam a meios para atingir os seus objectivos.
Nem com a acção concertada das autoridades, o Parque Nacional da Cangandala, santuário da Palanca Negra Gigante, e outras áreas, escaparam dessa prática.
Ao longo do ano, ambientalistas e o Governo trocaram ideias, durante uma consulta pública, para viabilizar a construção da Central de Tratamento e Valorização de Resíduos, integrando um aterro sanitário e diversas estruturas de apoio.
A unidade, que deverá ser implementada em Luanda, no município de Belas, numa superfície de 123 hectares, destina-se à deposição final dos resíduos sólidos urbanos que não forem reciclados ou reaproveitados. O projecto prevê também áreas de valorização, preparação e reaproveitamento dos resíduos.
Além deste projecto, o Executivo, por meio do correspondente departamento, entregou, na província do Huambo, um laboratório de identificação de fluídos, refrigerantes e ar condicionado, ao Centro de Ecologia Tropical e Alterações Climáticas (CETAC).
A infra-estrutura aumenta para oito a cifra de laboratórios do género no país, depois de Luanda, Namibe, Benguela, Cabinda, Uíge, Bié e Zaire.
A mesma visa impedir a emissão de gases para a atmosfera, principais substâncias que contribuem para a deterioração da camada de ozono.
Fonte: Angop